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10 de dezembro de 2009

O preconceito científico

Começam a surgir os primeiros casos de discriminação genética. Planos de saúde bancam análise genética pra fazer previsões sobre o seu histórico médico, e te cobrar mais, caso você vá "provavelmente" dar mais gasto pra eles. Algumas empresas também estão adotando essa estratégia antes de contratar os funcionários pra se livrar de "possíveis" encargos trabalhistas futuros.

Me cansei dessa ditadura da ciência. Enquanto na idade média tinhamos: "a igreja falou, é isso ae. Engole ae, senão vc é herege". Hoje em dia, "a ciência falou, é isso ae. Engole ae, senão vc é burro."
O primeiro passo é o preconceito, baseado na nossa crença pela ciência, com o gordo que escolhe continuar comendo x-bacon, o outro que insiste em fumar (idiota, não sabe que vai morrer? Freud diz que isso é auto-destruição (se bem que não consideram psicanálise ciência, mas ainda ocupa o papel pra alguns))

Nada disso é realmente verdade. O que temos são indícios, probabilidades, estudos. O que acontece muito é o velho ciclo vicioso da mídia. Não preciso falar dele, o autor do phdcomics.com retratou essa cena com maestria:








Ainda há outro problema.
Talvez menos citado que a deturpação da mídia de resultados preliminares e inconclusivos, cientistas tem uma longa história de partir de uma premissa e ficar tentando provar ela, achar motivos pra embasá-la e ignorar tudo que aparece pra refutar como "irrelevante". Os exemplos são muitos. Um clássico do século XVII é do italiano Cesare Lombroso, formulador da teoria do uomo deliquente. Em seu percurso teórico, foi levado pelas mãos da lógica a postular que poderiamos encontrar traços genéticos da predisposição ao crime. Ele sistematicamente media tamanho de crânio, nariz, orelhas e relacionava esses dados com os crimes cometidos. Esses sinais exteriores - stigmata - eram sinais de defeitos evolutivos de alguns seres humanos, que refletiam os instintos ferozes dos animais inferiores.

O raciocínio científico já se provou falho em milhares de ocasiões. Continuamos ignorando isso e falando "pff, que ridículo esse povo de antigamente" mas acreditamos fielmente nas mentiras que nos contam hoje. Se ignorarmos o caso do estudo ser motivado por crenças, ainda temos que lidar com motivações financeiras e falta de escrúpulos.Vide Livro: Como mentir com estatística
 

Voltando ao ponto da discriminação genética, agora que posso dizer, baseado numa crença (ciência). Tinhamos o gordinho do x-bacon discriminado pelos entes queridos. Agora temos a discriminação não só social, mas no âmbito de empregos baseado na nossa crença pela ciência, que o cara com algo no DNA vai ser mais propenso a X. Isso não afeta mais só a relação interpessoal, mas a capacidade do cara de botar pão na mesa. Pra onde vamos? Segregação? "Papai não quer que eu case, João é geneticamente inapropriado." EuhEuHEUAhaue

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